Nicolás Maduro, da Venezuela, toma posse para terceiro mandato após eleição disputada
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, foi empossado para um terceiro mandato de seis anos, após uma eleição controversa que viu seu oponente Edmundo Gonzalez alegar fraude eleitoral e declarar vitória.
Ao iniciar um novo mandato na sexta-feira, Maduro desafia a pressão internacional e as sanções lideradas pelos Estados Unidos, que reconheceram Gonzalez como o vencedor da votação de julho.
“Que este novo mandato presidencial seja um período de paz, de prosperidade, de igualdade e da nova democracia”, disse Maduro, comprometendo-se a cumprir as leis do país. “Juro pela história, pela minha vida, e cumprirei [my mandate].”
A posse de Maduro ocorreu um dia depois de a líder da oposição, Maria Corina Machado, ter feito uma rara aparição pública para liderar um protesto contra o seu governo. A equipe de Machado disse que ela foi detida brevemente durante a manifestação.
“Estou agora em um lugar seguro e com mais determinação do que nunca para continuar com vocês até o fim”, disse Machado em uma postagem nas redes sociais após sua libertação.
Maduro, um antigo motorista de autocarro, subiu ao poder após a morte do líder de esquerda Hugo Chávez em 2013. O seu mandato foi marcado por acusações de autoritarismo, bem como por crises económicas e políticas.
Em 2018, por exemplo, enfrentou outra eleição presidencial contestada, com vários líderes importantes da oposição impedidos de competir na corrida.
Na sequência, o líder da oposição Juan Guaido desafiou a vitória de Maduro e reivindicou a presidência. Em 2019, os EUA e vários dos seus aliados no Hemisfério Ocidental reconheceram Guaidó como o presidente legítimo da Venezuela.
Nesse mesmo ano, Washington expandiu as suas sanções abrangentes contra a Venezuela, aprofundando os seus problemas económicos. Quase 7,7 milhões de pessoas fugiram do país, algumas devido a alegações de repressão política, outras devido à instabilidade económica.
As eleições de julho ofereceram à oposição esperança de derrubar Maduro pacificamente, mas o atual presidente foi rápido em declarar vitória, alegando ter recebido 51 por cento dos votos.
As autoridades eleitorais do país apoiaram Maduro, embora não tenham divulgado a habitual repartição dos resultados das assembleias de voto da Venezuela, alimentando críticas sobre a falta de transparência.
A oposição, entretanto, publicou o que afirma serem editais oficiais, mostrando que Gonzalez venceu por uma larga margem.
Vários líderes de esquerda na América do Sul também criticaram Maduro e questionaram os resultados eleitorais.
A vitória de Maduro na corrida presidencial de 28 de julho provocou protestos generalizados nas semanas que se seguiram aos resultados, mas desde então a repressão do governo atenuou as manifestações.
Estima-se que 2.000 pessoas foram presas e 25 mortas durante as manifestações pós-eleitorais.
Ainda assim, a oposição tem procurado manter a pressão sobre o governo Maduro, convocando protestos esta semana antes da posse. Várias centenas de manifestantes juntaram-se a Machado na quinta-feira, embora as multidões fossem visivelmente menores do que nos protestos pós-eleitorais.
O governo de Maduro acusou a oposição de conspirar com forças estrangeiras para derrubar o presidente e emitiu um mandado de prisão em setembro para Gonzalez, que fugiu do país e posteriormente obteve asilo em Espanha.
Gonzalez, um ex-diplomata, visitou os EUA no início desta semana e se encontrou com o presidente Joe Biden como parte de uma viagem por países da região das Américas.
A Casa Branca disse que Gonzalez e Biden “expressaram profunda preocupação com o uso inaceitável e indiscriminado da repressão por Nicolás Maduro e seus representantes contra manifestantes pacíficos, ativistas pela democracia e a sociedade civil”.
O governo dos EUA tem se referido a Gonzalez como o “presidente eleito” da Venezuela.