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O filme de ficção científica menos preciso cientificamente já feito, de acordo com Neil deGrasse Tyson

Saiba que quando o célebre astrofísico Neil deGrasse Tyson critica a má ciência comumente encontrada nos grandes sucessos de bilheteria de Hollywood, ele não está tentando estragar a diversão de ninguém. Ele está apenas sendo um nerd e acho que todos podemos respeitar isso. Não há nada de vergonhoso em possuir muito conhecimento científico, e apontar os erros físicos e astronômicos em um filme só pode, espera-se, encorajar os cineastas a serem mais precisos na próxima vez. Caso em questão: Tyson reclamou de forma infame ao diretor James Cameron que, em “Titanic”, ele entendeu errado o céu noturno. Tyson sabia como eram as constelações no Atlântico Norte naquela fatídica noite de abril de 1912 e sugeriu que Cameron, usando truques digitais, reformulasse os céus para que combinassem. Cameron, também sendo um nerd, agradeceu.

Porém, quando se trata da maioria dos filmes espaciais, Tyson tem muito do que reclamar. O público aceitou que a maioria das naves espaciais de ficção científica, por exemplo, estão equipadas com “gravidade artificial”, embora tal coisa não exista. Um físico apontaria que um navio precisaria girar lateralmente para manter seus habitantes presos ao chão. E, claro, qualquer estudante de ciências seria capaz de lhe dizer que não há som no espaço e que os motores das naves estelares, os blasters potentes e as explosões espetaculares seriam, na verdade, silenciosos.

Existem alguns filmes, no entanto, que prejudicariam a credulidade de qualquer pessoa. O thriller de 1998 de Michael Bay, “Armageddon”, por exemplo, é sobre uma equipe de perfuradores de petróleo e astronautas que voam até um cometa que se aproxima para explodi-lo. Sobre um episódio de 2024 de “The Jess Cagle Show”, Tyson apontou várias razões pelas quais explodir um cometa potencialmente letal é uma má ideia. Na verdade, ele certa vez sentiu que “Armagedom” era o filme de ficção científica mais descaradamente anticientífico já feito.

Mas “Armageddon” foi recentemente suplantado por um filme ainda mais estúpido. Tyson tem algumas palavras duras para O mega-fracasso de Roland Emmerich em 2022, “Moonfall”.

Moonfall ignora todas as leis da física

“Moonfall” é sobre uma dupla de astronautas (Halle Berry e Patrick Wilson) que, em 2011, estavam em uma missão espacial casual quando o personagem de Wilson testemunhou um enxame de espaçonaves alienígenas. Ninguém acreditou nele e ele perdeu a carreira. Daqui a uma década, Berry e Wilson são contatados por um teórico da conspiração selvagem (John Bradley), que postula que a própria lua é uma enorme superestrutura criada artificialmente, e que há toda uma civilização alienígena dentro dela. Ele também notou que a Lua está saindo de sua órbita e começará a passar cada vez mais perto da Terra.

Enquanto a Lua faz exatamente isso, os sistemas climáticos da Terra ficam desarrumados. Eventualmente, ele passa tão perto que a gravidade da lua começa a tirar as pessoas da superfície da Terra. Os três protagonistas voam para a lua… e encontram alienígenas escondidos lá dentro. O filme é agradavelmente estúpido e exagerado, assim como muitos dos filmes de Roland Emmerich.

Nas redes sociais, Tyson declarou que “Armagedom” “violou mais leis da física (por minuto) do que qualquer outro filme no universo”. Essa honra, disse ele, pertenceu ao fracasso da Disney em 1979, “The Black Hole”. Infelizmente, “Moonfall” apareceu e tirou ambos da água. “Isso foi o que eu pensei até Eu vi ‘Moonfall’, ele disse em “Jess Cagle”, antes de começar a rir. Ele descreveu o filme, indignado, assim:

“Foi um filme pandêmico […] – você sabe, Halle Berry – e a lua está se aproximando da Terra, e eles aprenderam que ela é oca. E há uma lua sendo feita de rochas que vivem dentro dela. E as missões Apollo eram para visitar e alimentar o ser lunar.* E eu… E eu simplesmente não conseguia… Pensei que o 'Armagedom' tivesse um controle seguro sobre esta coroa. Mas aparentemente não.”

Tyson nem se preocupa em entrar em detalhes sobre as inúmeras razões pelas quais a física em “Moonfall” está errada. Muitos deles podem parecer claros para os espectadores. A lua caindo na Terra, por exemplo, não permitiria que você desse saltos de carro doentios.

*Nota do editor: Este resumo do enredo não é totalmente preciso.

O que seria necessário para agradar você, Neil?

Em sua aparência em “The Late Show com Stephen Colbert”, Tyson destacou que ocasionalmente Hollywood faz certo. Ele pode ter odiado que o céu em “Titanic” estivesse incorreto, mas ele sentiu que se um cientista e engenheiro engenhoso estivesse envolvido, menos pessoas teriam se afogado. Ele desejou que o Jack de Leonardo DiCaprio fosse mais parecido com o Dr. Watney de Matt Damon, do filme de Ridley Scott de 2015, “Perdido em Marte”. Tyson adora “Perdido em Marte”, pois na verdade explora a física real e as preocupações práticas com viagens espaciais. Tyson até explicou as precisões científicas de “O Marciano” em um ensaio em vídeo para Slate.

Na verdade, Tyson postou um vídeo em seu próprio canal, StarTalkonde ele classificou os filmes de ficção científica com base em sua precisão (ou falta dela), conceitos amplos e até mesmo filosofia. Ele classificou “The Black Hole” como um dos filmes mais significativos que já viu, simplesmente porque foi muito ruim. Ele assistiu ao filme na faculdade e ficou indignado porque nenhuma pesquisa foi feita quando ele foi escrito. Mas ele também adorou “Matrix”, apesar da impraticabilidade de usar cérebros humanos como fonte de energia. Tyson também citou positivamente filmes como “Contato”, “Interestelar”, “Gravidade,” “Chegada”, “The Quiet Earth” e até “The Blob”, que ele disse ser a representação mais precisa de um alienígena de todos os tempos. Por que, afinal, um alienígena seria um bípede semelhante ao humano?

Mas saiba que Tyson também listou O thriller de viagem no tempo de Robert Zemeckis, “De Volta para o Futuro” como um dos melhores filmes de ficção científica de todos os tempos… só porque é divertido e bem escrito. Sim, pode-se criticar a ciência da viagem no tempo e como a causalidade não funciona da maneira que funciona no filme de Zemeckis, mas Tyson pode se divertir no cinema. Ele não é um mero pau na lama. Ele está apenas tentando fazer com que os leitores leiam mais livros de física.

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